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Todos no mesmo barco?
E aqui estamos nós, firmes e fortes na quarentena. Claro, agora com algumas flexibilizações, porém, compromissos com a vida e a segurança estão sempre em primeiro lugar. Contudo, estes dias reclusos nos fazem enxergar que não estamos todos no mesmo barco, não mesmo! Como nunca, as lacunas sociais do nosso país começam a aparecer com suas faces mais dolorosas e, com isso, começamos a ver a miséria e desemprego crescerem em no Brasil. Não são inimigos novos, infelizmente.
Toda esta dificuldade tem mobilizado muitas pessoas a ajudarem o próximo, a tentar entender o outro. Nem todo mundo que sai de casa é contra a vida, e nem todo mundo que está em casa é rico. Temos que ser mais que uma polarização, precisamos entender que não estamos todos no mesmo barco, que há inúmeros contextos sociais e inúmeras dificuldades familiares que talvez nunca iremos provar.
Por isso, este tempo de quarentena tem que nos ensinar a compreender o outro, a entender que não estamos todos em pé de igualdade. Se conseguirmos entender isto, neste momento, poderemos levar isto para nossa vida e buscar entender sempre a outra pessoa. Estamos criando uma sociedade em que o que importa é apenas a opinião pessoal e isso magoa, fere e mata. Isso acontece todos os dias e, infelizmente, também dentro de nossas casas. É triste, mas muitas famílias, marido e mulher, pais e filhos, não estão mais no mesmo barco. Estamos perdendo, dia a dia, a ternura, a humildade e a fé. Estamos querendo seguir nossos instintos, mas não nos damos conta que eles estão extremamente sem norte.
Que esta nova semana de isolamento nos ajude a refletir um pouco mais a vida, a percebermos quantas pessoas julgamos e condenamos. E nunca nos esqueçamos: o mar é o mesmo para todos, mas o barco não. O segredo minha gente, é empatia. Ela precisa voltar. Uma feliz e santa semana. Deus te abençoe!
Padre Thiago Freitas dos Reis
Pároco da Paróquia Bom Jesus