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sexta-feira, 08 de dezembro de 2023

Artigos

Santa Casa: esvaziamento funcional com prejuízo incrível na assistência SUS

Existe um fenômeno sócio comportamental, relativamente comum, sob o qual o indivíduo submetido a um processo ruim, acaba se acostumando com isso e, por fim, entendendo que se trata de uma condição ou fato normal.
Isso é típico de uma sociedade passiva, tolerante e inerte frente a condições que não merecem, não são dignas e ferem os seus direitos.
O que se vê hoje no serviço de saúde pública de Barretos é um verdadeiro descalabro, há 5 anos com várias denúncias publicas, sendo os prejuízos às pessoas abafados por quem pratica, escondidos até um limite e com vistas grossas das autoridades responsáveis totalmente inertes diante desse malefício.
Quem conhece a Santa Casa de Barretos, único hospital geral público da cidade e com compromissos regionais, fica espantado quando passa hoje no seu entorno (quarteirão) e observa o deserto de pessoas que entram ou que saem do mesmo, contrastando com o que é típico de grandes hospitais.
Contrastando com o que foi durante décadas prestando serviços médicos, cirúrgicos e de emergência à altura do que merece cada pessoa. Gerando um comércio ali próximo que hoje também sofre pelo claro desaquecimento.
Isso decorre do espantoso índice de encaminhamento para fora de pacientes ou da própria fuga dos mesmos diante da fama ruim e da baixa qualidade oferecida pela estrutura sucateada e um corpo clínico muito distante do que ali trabalhou por quase cem anos.
Está se tornado uma vergonha a manutenção de tapumes nas fachadas do hospital como a enganar providências na estrutura. Torna-se ridículo diante do recebimento de verdadeira fortuna no decorrer da pandemia, da sonegação de investimentos na Santa Casa, além de recursos que o Estado hoje vem mandando para a cidade.
O grupo gestor desse monopólio tem o descortino de construir um hospital no interior do Sergipe, em cidade (Lagarto) do tamanho de Barretos, gastando uma fábula e deixar nossa população desassistida da forma que está, como um hospital cheio de remendos incabíveis pela sua tradição.
Vale “espiar” na internet o nível do que foi lá construído, com requinte, e o proporcional desprezo pela Santa Casa de Barretos: Hospital do Amor de Lagarto (SE).
Prefeita deveria ter vergonha do que oferece ao povo e imediatamente retomar o hospital que ora serve à exploração de uma fundação particular, meramente como um órgão de apoio ao ensino, sem mestres gabaritados, a uma juventude de futuros médicos que não conseguem enxergar a realidade.
Numa última patacoada, o gestor tem a “cara de pau” de fechar as portas aos barretenses usuários do IAMSPE, recebe apoio de 50 milhões do governo Estadual e, segundo consta, fazendo “corpo mole” para retomar o atendimento.
Pior “caradurice” é jogar aos ventos a falácia de fazer um dos melhores atendimentos de saúde da América Latina. O ridículo passa a não ter limites…
Enquanto isso vige, passa desapercebido às autoridades com obrigação de garantir a defesa do povo dormindo um sono profundo, sabe-se lá por quais razões, e não se manifestando.
A coisa já foi muito longe: vidas e dores não podem ser tratadas assim.

 

 

Dr. Fauze José Daher
Médico e Cirurgião – Ex Diretor
Clínico da Santa Casa de Barretos
Ex Presidente da Assoc.
Paulista de Medicina
Ex Vereador Constituinte (1988-92)
Advogado

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