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sexta-feira, 01 de dezembro de 2023

Artigos

Santa Casa: 50 milhões de reais repassados à Fundação Pio XII com longa “fila de espera” de cirurgias elementares

A Câmara de Vereadores de Barretos aprovou, nessa semana, repasse de 50 milhões de reais do Governo do Estado, via prefeitura, para a gestão do atual sistema de saúde monopolizado de Barretos.
Essa é apenas uma fatia do volume de recursos públicos que são aportados a essa fundação (que é particular), ao longo de décadas, via loteria especial, leilões de gado, doações privadas, shows de cantores, milhares de rodeios pelo Brasil afora.
Com justiça, louve-se aqui 24 anos de recursos mensais dos Governos do PSDB que, por fim, teve que interromper pela falta de prestação de contas. Declaração pública recente através de Secretário de Estado da Saúde.
Com toda essa panaceia de encaixe de dinheiro, aí está uma Parceria Público Privada (PPP), extremamente ciosa em arrecadar recursos financeiros, com o “conforto” de denegar o mínimo de prestação pública das contas e com performance horrível na saúde pública não oncológica de Barretos. Além da não contratação de quadro de médicos especialistas, via concurso dignos e decentes, faz reinar hoje em Barretos uma fila de ano e meio para uma operação de vesícula, ginecológica, vascular ou hérnia, por ex. Pior ainda, quando as realiza deixa um estrago de reoperações e maus resultados que são assustadores. Isso, à luz dos profissionais da saúde gabaritados e dos pobres usuários, é um verdadeiro escândalo principalmente ao se deparar com o elenco de marketing e propagandas “fakes”, enganando a milhões, até em redes nacionais.
Ainda mais: com a desfaçatez de criticar serviços e profissionais como tem sido uma prática costumeira de tal gestão em flagrante desrespeito e irresponsabilidade.
Fica aí registrado um paradoxo notório sob as barbas desse governo estadual, que é sério. O gestor do monopólio deixa a cidade desguarnecida há quase 2 anos, do atendimento ao IAMSPE, que engloba em torno de 2.000 usuários funcionários estaduais, obrigados a viajar para outras cidades. Tudo isso, mesmo sem ter deixado de receber recursos oficiais.
E as razões? Evasão dos pagamentos feitos pelo IAMSPE, sequestrados em função de sentenças mandando a Fundação pagar dívidas condenadas e em execução. E assim vai. Ali atrás, mais de 100 milhões de reais para cuidar da pandemia de COVID19 e com um péssimo desempenho comparado às demais cidades paulistas.
Nesse meio tempo, milhões e milhões sendo repassados, sendo esses 50 dessa semana, mais uma grossa fatia que ora não vai passar desapercebido.
Ironicamente, temos que assistir o proselitismo de que tudo acontece em função do Amor…
Mas qual?

 

 

Dr. Fauze José Daher
Gastro-Cirurgião e Ex Diretor
Clínico da S. Casa de Barretos,
Ex-Presidente da Assoc.
Paulista de Medicina
e Advogado

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