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Sabes agora o valor de uma teleaula?
Por esses dias, parei, sentei-me a sala de estar que também é de TV e fui passando canais à procura de um programa interessante. Me deparei com uma teleaula sobre o pré-mordenismo, citando como um dos ícones o escritor brasileiro Euclides da Cunha.
Já ia mudar de canal, mas a temática da aula era muito contagiante, e eu continuei. Li “Os sertões” quando fiz magistério. Na época, nossa professora pedia resumos de livros e dividia a classe em equipes, cada qual com um respectivo grupo de escritores brasileiros para ler, resumir e apresentar para o restante da sala. Uma estratégia rápida de leitura e aprendizagem. Na época, futuras professoras, além do conhecimento que buscávamos, tínhamos a excelência da nota em nossos boletins como a principal meta a ser alcançada.
Mas, voltando a TV e a teleaula, surgiram atores em um diálogo onde após os conselhos de uma tia, o jovem de sobrenome Machado resolve ligar em uma biblioteca e requisitar o livro sobre o pré-modernismo do autor Euclides da Cunha, que ao presenciar como jornalista a guerra de Canudos, coloca no papel toda a saga nordestina em que Antônio Conselheiro foi protagonista. O homem que profetizou que o nordeste viraria mar, teve junto com seus cinco mil homens um final massacrante sendo vencido pelo Exército Brasileiro.
Em 15 minutos de teleaula, enquanto a tia saudava o sobrinho pela leitura do livro, este com o livro em mãos citava um trecho que a palavra “planta” aparecia com significados diferentes durante um diálogo dos personagens envolvidos. Era o contexto determinando sua conotação e dando sentido a frase. Planta virou nesses poucos instantes vegetal, posição, anatomia e representação gráfica.
Não bastasse, todos esses conhecimentos de história e contexto da palavra, ficamos ainda com a deixa de escrita e fala, com a participação de um programa de rádio, em que o locutor com uma fala dita difícil e formal trazia notícias do agronegócio, as quais eram de difícil interpretação para um sertanejo e houve a necessidade de ser traduzida informalmente por um cidadão mais entendido a outro com um repertório mais coloquial.Tudo numa simples teleaula.
Euclides da Cunha em seu livro, de 632 páginas, que hoje custa de 12 a 112 Reais , vendido pela Amazon, Estante Virtual e Submarino entre outros sites de venda, traz o primeiro livro-reportagem em que espontaneamente ensinou a aplicação de verbos simples para a escrita e os compostos para a fala. Seu livro é de suma importância para o cenário brasileiro da época retratando um nordeste com suas feridas e cicatrizes. Só sei que a aula foi um repeteco para mim, uma professora de Letras- português e inglês. No entanto, ocupou alguns minutos da minha hora, fortaleceu o meu conhecimento, distraiu os pensamentos e eu aprendi sem pensar em aprender.
O que precisamos é nos desapegar do que não acrescenta e ser donos de nossas próprias escolhas, pois da TV ainda temos o controle ainda que seja remoto, em nossas mãos.
Assim, Deus nos abençoa e vai confirmando a obra de nossas mãos, convincentemente em salmos 90-17.
Também dizemos que a profecia de Antônio Conselheiro se cumpriu e o município de Canudos tem em seu panorama geográfico o Açude de Cocoboró, além de ser um cenário turístico de diversos atrações.
Rita de Cássia Minuncio
Professora e
Psicopedagoga