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Por que temer?
“Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: ‘É um fantasma’. E gritaram de medo” (Mt 14, 26).
Não raro, tememos o desconhecido. Quando não temos certeza do que se trata algo ou alguma coisa, impossível não ficar alerta e, portanto, ficamos tentando prever o que seja. Com isso, sobrevém o julgamento antecipado e acabamos fantasmagorizando a própria pessoa humana sem se importar com o que de fato está no centro das atenções ou do assunto a ser tratado. Aí vem o medo! E também não raro, a inquietação, a raiva e o incômodo.
Os discípulos viram Jesus andando sobre o mar, coisa impossível de se ver comumente por aí, e gritaram de medo. Nós mesmos ficaríamos estarrecidos e pensando que poderia ser mesmo um fantasma. E olha que somos pessoas estudadas e muito mais que os discípulos pudessem ser.
Ora, então, como poderíamos nos manter calmos a ponto de não amedrontarmo-nos frente as situações em que até mesmo Deus parece ser um fantasma? Certamente que, conhecendo aquilo que é desconhecido. E a busca por conhecimento também implica uma questão de fé pela busca da verdade.
Afinal, trata-se do quê? Algo bom ou mal? Benéfico ou maléfico? Positivo ou negativo? Enfim, de fato, trata-se de uma questão de fé e boa vontade. Pois, diante do desconhecido é preciso ater atenção ao que sabemos e aglutinar o grande volume de conhecimento para concluirmos um pensamento e, então, chegar a uma conclusão correta, ou pelo menos bastante próxima disto.
Cremos que Deus interveio na história abrindo espaço para a participação de todos em seu processo de criação. E tendo-o como fio condutor de nosso ver, julgar e agir, podemos sim, analisar com nossa inteligência, aprender e julgar segundo a nossa sabedoria.
Mas, quantas vezes assumimos um papel de verdadeiros fantasmas na sociedade, quando emburrado ou emburrada, deixamos de ajudar o próximo por ser um desconhecido, maltrapilho, pobre, fedorento, sujo etc.?
Diácono Carlos Araki
Paróquia Santa Ana e São Joaquim em Barretos