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quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Por que a Igreja Católica proíbe jogar as cinzas dos mortos no mar?

O padre argentino Mauro Carlorosi, do Oratório São Felipe Neri e membro da Academia Internacional da Divina Misericórdia de Cracóvia, explica por que a Igreja Católica proíbe jogar as cinzas dos mortos no mar, conservá-las em casa, usá-las para plantar árvores ou fazer enfeites com elas.
O padre usou como base para a sua reflexão a instrução Ad resurgendum cum Christo sobre a sepultura dos defuntos e a conservação das cinzas em caso de cremação, publicada pela Santa Sé em 2016.
O texto explica que “a Igreja continua a preferir a sepultura dos corpos uma vez que assim se evidencia uma estima maior pelos defuntos; todavia, a cremação não é proibida, ‘a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã’”.
O número 7 do documento da Santa Sé de 2016 afirma que “para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista, não seja permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou, ainda, em qualquer outro lugar”.
É ainda proibida “a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objetos, tendo presente que para tal modo de proceder não podem ser adotadas razões de ordem higiênica, social ou econômica a motivar a escolha da cremação”.
Padre Carlorosi também comentou que quando alguém tenta jogar as cinzas no mar ou fazer alguma decoração, se afastou de Deus e precisa ser evangelizado.
Quando o Senhor não está na vida, advertiu, “o homem se perde e não quer encontrar nenhuma razão para respeitar os restos de parentes de maneira cristã”.
“Um bom católico, coerente com sua fé, não pode fazer isso, pois revelaria uma visão de mundo pagã de vida e morte”, disse ele.
O padre destacou que aparece então um “paganismo que considera a morte como a fusão com a mãe natureza (também chamada de Pachamama, ou energia do universo); ou um retorno a um estado pré-racional onde a alma se reencarna em outro corpo e, portanto, os restos mortais não valem mais do que uma foto”.
Por que não conservar as cinzas de uma pessoa morta em casa?
“Família e amigos devem ser amados, não usados, nem vivos nem mortos. Meus defuntos não são objetos de minha memória pessoal. Eles não nos pertencem, eles pertencem a Deus, são da família, eles têm outro fim e necessidade. São pessoas que precisam de mim!”, disse o padre argentino.
Os defuntos, disse ele, “precisam de orações, sacrifícios, penitências, sufrágios. Essa é a maneira de honrar. Mas eles não precisam apenas de minhas orações, mas de todos os outros parentes e da comunidade crente, tanto da nossa geração quanto das próximas”.
Por isso, destacou Carlorosi, “as cinzas devem ser colocadas em lugares sagrados e adequados e devem ser visitadas para serem lembradas com a ajuda de que mais precisam”.
“Lembremo-nos de que uma alma no purgatório está viva, sabe de nós a partir de Deus e deseja nossa ajuda para sua alma, mais do que uma simples e ineficaz lembrança de seu corpo”.
O padre lamentou que agora existam funerais “onde os defuntos são embalsamados com uma posição que a família escolhe para se despedir: funerais com jovens embalsamados na posição de jogar videogame, ou avós de pé com pijama, como costumavam estar em casa. Parece surreal, mas é real”.
“Diga-me como você trata a morte e eu lhe direi o valor que a vida tem para você”, continuou padre Carlorosi.
Carlorosi concluiu destacando que “o tema de evitar a cremação injustificada é tão importante que o documento, autorizado pelo Papa Francisco, pede que as exéquias sejam negadas àqueles que solicitam a cremação e a dispersão de suas cinzas na natureza por motivos contrários à fé cristã”.
Fonte: ACI Digital

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