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O sapo fervido . . .
Caro leitor,
Ouvimos pela primeira vez esta história ou experiência de motivação, na década de 1980, quando trabalhávamos na Caixa Federal, em um curso de preparação gerencial.
Você conhece a síndrome do sapo fervido?
Pois bem, vamos contá-la: em uma panela, com água em temperatura ambiente, coloca-se um sapo vivo. Acende-se o fogo e a água vai esquentando, esquentando, esquentando. . . O sapo vai se acostumando à temperatura e ao final, com a água fervente, acaba por morrer; em outra panela coloca-se água fervente e joga o sapo dentro. O choque térmico o fará pular para fora, imediatamente, e se salvará.
O sapo fervido representa a nossa vida cotidiana, com a máxima: ‘Aqui sempre foi assim!’.
Às vezes precisamos de um ‘choque’ de realidade para mudarmos a nossa vida, isto é, para sairmos de nossa ‘zona de conforto’. Será que agimos como o primeiro sapo, que se acomoda, é tranquilo e comodista, tem medo da mudança, sempre adia suas decisões, ou, o segundo sapo, que pula fora quando percebe que do jeito que as coisas estão não vale a pena continuar?
Em tempo de pandemia, as pessoas tiveram que agir como o segundo sapo, isto é, pularam rápido para a sobrevivência própria e de seus negócios, quando enfrentamos, provavelmente, o maior desafio da história nos últimos cem anos. A sociedade está de ‘pernas pro ar’, um verdadeiro pandemônio.
Em 2020, na verdade, ao cabo de quatro meses, numa época de mudanças bruscas, com os novos procedimentos sanitários implementados da noite para o dia, como o uso de máscaras, lavagem das mãos constantemente, distanciamento social, o não abraçar, o não beijar, o não dar as mãos, o pensar no coletivo, diante da ameaça real do coronavírus, altamente contagioso; a saúde no Brasil, precária há décadas, se viu em um desafio sem precedente, arrumar em dias, leitos de UTIs,, ventiladores, construções de hospitais de campanha, uso de EPIs para os profissionais de saúde; negócios agonizantes, os comerciantes tiveram que se reinventar, acreditar, achar um jeito, correr atrás e tentar a sua salvação, ao oferecerem novas opções não presenciais aos seus clientes.
Ultimamente, passamos a ouvir várias expressões em inglês, antes pouco usadas, como: ‘lockdow’, para bloqueio geral ou confinamento; ‘drive-thru’, para compra de produtos ou outros serviços, inclusive de saúde, sem sair do carro; ‘delivery’, para entrega de produtos que facilite a vida do consumidor; ‘live’, usado na transmissão de palestras, encenações, espetáculos musicais e outros, ao vivo, transmitido pela Internet; ‘aplicativos ‘zoom’ e ‘google meet’ para reuniões online; ‘home office’, para designar aquele ou aquela que trabalha em um empreendimento, cujo escritório, agora, é em casa; o termo mais conhecido é o ‘drive-in’, usado nas décadas de 1960 e 1970, o famoso ‘cine drive-in’, para assistir ao filme de dentro do próprio carro, e que agora, volta a todo vapor, como opção única de assistir à filmes e espetáculos musicais.
Não podemos deixar de falar nas escolas, cujos alunos e professores estão sem salas de aula presenciais, se encontram nas telinhas dos computadores e celulares, isto é, de forma remota. A opção é, tanto para ensino público, quanto para o particular. Os professores tiveram de se adaptar, em tempo recorde, às novas tecnologias. Os alunos das escolas públicas brasileiras, principalmente, do ensino fundamental e médio, apresentam uma discrepância social enorme, pois muitos não possuem internet, nem celular e muito menos computador, desta forma é difícil o acompanhamento por todos. É lamentável!
Não adianta evocarmos o passado, o mundo não será o mesmo após esta pandemia, todos os comportamentos até então praticados, serão revistos, obrigatoriamente, pois o novo normal vem aí.
Novas lições de vida começarão a ser contadas!
José Antonio Merenda
Ator, diretor teatral, historiador e presidente da ABC – Academia Barretense de Cultura