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O ESTRAGO DO COVID
Ontem fui surpreendido, com uma denúncia que a Prefeitura de Barretos fez ao Cremesp, de que eu estaria incentivando a população a não seguir as regras de isolamento determinadas pelo governo. Pena que nem o prefeito e nem o secretário da saúde sejam médicos, para entenderem que não se combate uma epidemia pelo medo e multas. Com 58 anos de profissão e cinquenta anos de vida pública, fiel aos meus princípios profissionais e morais, não vou me intimidar e continuarei alertando minha população, pelos exageros que estão sendo praticados. Por isso vamos ao meu artigo de hoje. “O estrago do Covid”. Cada dia, novas informações alarmantes de mortes por Covid vão deixando a população totalmente desorientada. Claro que lamentamos cada vida perdida, mas estamos deixando passar desapercebido o grande estrago que a Covid vem impondo ao estado emocional de nossa população. Crianças retiradas do convívio escolar onde aprendem a viver em comunidade, respeitar o espaço de seu coleguinha, sendo contraponto ao carinho e proteção, as vezes excessivas que recebem nos lares. Perderam seus espaços, seu convívio em sociedade e foram aprisionadas dentro de casa, com restrições inclusive de ir à casa dos avós. Prisão na primeira infância. Quantas sairão deste processo desajustadas? No outro extremo, os idosos, que de uma hora para a outra se viram privados do calor humano de seus familiares, que pelo medo de lhes transmitir a doença se afastaram, deixando um enorme vazio na vida dos mesmos. E lá se vão mais de sete meses, e a pandemia não tem tempo para acabar. O terceiro setor mais atingido foi o dos jovens que até agora não entenderam porque sua rotina foi para o espaço, sendo condenados a ter na internet seu único contato com a rotina da vida. Internet com suas facilidades, seus atalhos e suas armadilhas, armadilhas essas que nem sempre estão preparados para delas escapar. Casais, que agradeceram o convívio extra que a pandemia lhes ofereceu num primeiro momento, agora sentem o estrago que o convívio diuturno também lhes impôs. Tínhamos uma rotina de vida que de uma hora para a outra foi alterada. Até o trabalho do escritório passou a ser exercido em casa, numa perigosa simbiose entre escritório e lar. Antes deixávamos nossas preocupações no escritório e voltar ao lar era um alivio. Agora os problemas do trabalho se embaralham com os problemas domésticos, familiares e econômicos, numa mistura explosiva. A quantidade de pessoas em busca de apoio psicológico aumentou sensivelmente. Creio que já passou da hora de retomarmos o ensino presencial e o ritmo normal de vida no trabalho, claro que tomando os devidos cuidados para evitar contágios desnecessários. Levar nosso calor humano aos mais idosos e tranquilizá-los para que também recuperem seu ritmo normal de vida. O estrago emocional já é grande, mas podemos evitar que tome proporções piores que a própria doença. O que precisamos evitar são as aglomerações que continuam a ocorrer, as festas que proliferam nos finais de semana, essas sim vetores do vírus e que alimentam a epidemia. Precisamos urgentemente do retorno ao nosso ritmo normal de vida, com os cuidados que todos já conhecem.