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domingo, 11 de junho de 2017

Artigos

O Empreendedorismo e a Responsabilidade Social

Atualmente o setor empresarial e os seus diferentes segmentos enfrentam um espaço de competitividade e concorrência pesada. O atendimento diferenciado aos clientes, o marketing, a gestão dos colaboradores, o relacionamento estreito com os parceiros, são elementos que fortalecem a continuidade e sobrevivência da empresa. A qualidade dos serviços e produtos, sem dúvida é um fator determinante para a manutenção do espaço conquistado, porém um grande diferencial no espaço mercadológico é o empreendedorismo. Segundo Drucker, o empreendedorismo pratica a visão mercadológica, a evolução e a continuidade de sua marca no mercado, “trabalho específico do empreendedorismo numa empresa de negócios é fazer os negócios de hoje serem capazes de fazer o futuro, transformando-se em um negócio diferente. […] Empreendedorismo não é nem ciência, nem arte. É uma prática.” (DRUCKER, 1974, p. 25). Neste contexto, a empresa empreendedora elenca várias características específicas que fortalecem e impulsionam seu crescimento. O empreendedorismo é visto muitas vezes como fator de risco, pois o empreendedor deve se voltar para atitudes altruístas e arriscar, podendo perder ou ganhar maior lucratividade.
 
Empreendedorismo: à busca de oportunidades
 
O empreendedorismo é visto como promotor do desenvolvimento econômico e social de uma empresa, país, comunidade, entre outros. Os fatores empreendedores são formulados ao se identificar a demanda de oportunidades e utilizá-las tanto na busca de recursos financeiros, quanto de recursos humanos e assim transformá-los em negócio lucrativo para o ambiente corporativo. Buscar essas oportunidades é papel do empreendedor que possui características como espírito criativo, pesquisador, altruísta, e outras. Segundo Dolabela (1999, p.61), “O empreendedor é um trabalhador incansável. Como gosta do que faz, trabalha a noite, em finais de semana. Mas ele tem consciência da qualidade que deve impor às suas tarefas, ou seja, visa sempre os resultados, e não ao trabalho em si.”.
O empreendedorismo privado consiste no pensamento individualizado no qual a empresa visa seu crescimento e lucro; produz bens e serviços com o foco no mercado; a medida de seu desempenho é o lucro que obtém em suas vendas; e enfim visa satisfazer as necessidades dos clientes e ampliar as potências de negócio. Na empresa, o empresário deve assumir a visão empreendedora almejando novos caminhos para a venda de um produto ou serviço, assim como soluções para os problemas que surgirem, observando a necessidade do cliente e o crescimento de sua marca. Neste setor o empreendedorismo é voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à criação de projetos tecnológicos, científicos ou empresariais que sejam executáveis e que aumente a lucratividade da empresa. Dolabella (1999, p. 12) afirma que para empreender é reforçar o pensamento proativo, afirmando-se em um comportamento que vise: “aprender a pensar e agir por conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse ato também em prazer e emoção”.Além dessas características supramencionadas, o empreendedor deve criar um perfil de liderança (intuição, atitude de relação pessoal com as metas propostas, buscam nos riscos oportunidades de grandes recompensas), mas, sobretudo, o líder deve se responsabilizar pelo alcance das práticas inovadoras, dos métodos e procedimentos que empreendeu. Enfim, o empreendedor é, […] um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si mesmo e para os outros. É alguém que prefere seguir caminhos não percorridos, que define a partir do indefinido, acredita que seus atos podem gerar conseqüências. Em suma, alguém que acredita que pode alterar o mundo. É protagonista e autor de si mesmo e, principalmente, da comunidade em que vive. (DOLABELA, 2003, p. 24) 
 
Empreendedorismo social
 
O empreendedorismo existe também no âmbito social, neste espaço ele tem por objetivo a coletividade, a ampliação da sustentabilidade das organizações, o desenvolvimento do capital social e das ações que promovam, desta forma, atividades que priorizem o fortalecimento da comunidade, possibilitando o crescimento social e humano. Neste sentido é importante enfatizar que o empreendedor social fomenta a ampliação do capital social, que consiste nas relações de confiança e respeito trazidas nas ações, programas, projetos e iniciativas que colaborem para que a comunidade territorial, cidade, região ou mesmo país progridam de maneira sustentável. O empreendedor social percebe as oportunidades e demandas sociais e a partir delas sugere avanços por meio de tecnologias produtivas e sociais, aprimorando a articulação dos grupos de cidadãos e proporcionando a participação da população em espaços públicos. Os empreendedores (sociais), por alguma profunda razão de sua personalidade, sabem desde pequenos que estão no mundo para promover mudanças fundamentais. Ao contrário dos artistas ou estudantes, eles não se satisfazem em expressar idéias. Ao contrário de gestores ou trabalhadores da área social, não se contentam em resolver problemas de um grupo de pessoas em particular. Para serem efetivos, permanecem abertos aos sinais do ambiente em que vivem e são obcecados com os detalhes da implementação de suas idéias. Desde muito cedo em sua vida, eles se engajam num processo de autoconcebido de aprendizado, preparando-se para os desafios que virão. Os empreendedores (sociais) têm em comum uma profunda crença na sua capacidade de mudar a sociedade. São pessoas que sentem intensamente que podem fazer a diferença; pessoas que, diante de um problema, imediatamente pensam: “o que posso fazer, aqui e agora, para ajudar a resolver isso?”. (DOLABELA, 2003, p. 107) Em termos comparativos o empreendedorismo privado e empreendedorismo social se diferem significativamente. O empreendedorismo social está pautado nas ações que desenvolvam o coletivo; elabora bens e serviços voltados à comunidade; tem seu foco na solução para os problemas sociais; mede seu desempenho pelo impacto social que produz; busca o resgate e a promoção de pessoas em situação de risco social. As ações do empreendedor social têm início após o diagnóstico de determinados problemas sociais locais os quais precisam da elaboração de alternativas de enfrentamento. A elaboração das alternativas geralmente apresentam características fundamentais como: inovação, possibilidade de realização, autogestão e sustentabilidade, envolvimento de diferentes segmentos da sociedade e da população que receberá a ação. […] para os empreendedores sociais a riqueza é apenas um meio para um determinado fim. Já para os empreendedores de negócio, a geração de riquezas é uma maneira de mensurar a geração de valor […] em particular, as leis de mercado não fazem um bom trabalho na valorização de melhorias sociais, bens públicos, prejuízos e benefícios para pessoas que não podem pagar […]. (OLIVEIRA, 2003, p. 182). É importante ressaltar que o empreendedor social não recebe formação na área de atuação, seu trabalho não é reconhecido como profissão por não estar legalmente constituída e não possuir conselho regulador ou código de ética legalizado. Nota-se que o empreendedor não é uma organização social (instituição, fundação, etc.), não gera receitas através da venda se seus produtos e serviços. Seu trabalho não acontece como o de um empresário que investirá no campo social, o que se assemelha à responsabilidade social empresarial, que veremos a seguir.Com o crescimento do Terceiro setor o empreendedorismo social se apresenta no centro de ações que priorizam o enfrentamento das problemáticas sociais, no estímulo à intervenção nas situações de vulnerabilidade, assumindo o papel de mediador da cidadania ativa para o crescimento da justiça social. Assim, o empreendedorismo social pode ser considerado como um paradigma de intervenção social sob a ótica da relação e integração dos diferentes atores e segmentos das comunidades; e um novo processo de gestão, agora no ambiente social.
 
André Luiz Bastos: Licenciado em Educação Física UNESP Bauru, Licenciado em Filosofia pela Universidade Nacional de Cuyo – Faculdade de Filosofia e Letras Mendoza – Argentina,  Mestre em Educação pela UNFRAN – Franca SP, Doutor em Ciências da Educação pela UNCUYO – Universidade Nacional de Cuyo – Faculdade de Filosofia e Letras Mendoza –  Argentina e Pós-Doutorado pela UNRTEF – Universidade Tres Febrero Buenes Aires– Argentina. Coordenador do NAD – Núcleo de Apoio ao Docente e Professor nos cursos da Faculdade Barretos. Prof.andrebastos@hotmail.com.
 

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