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Mãe!
“Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus, e pela constância de sua dedicação tem muito de anjo.[…]”
(Trecho do poema ‘Retrato de Mãe’, de Dom Ramon Angel Jara)
Caro leitor, saúdo, desta forma, a todas as mães barretenses com esses versos profundos, os quais traduzem fielmente a alma da mulher-mãe, escrito por Dom Ramon Angel Jara (1852 – 1917), bispo da Catedral de La Serena, no Chile (1909 – 1917), famoso por sua oratória. O poema foi traduzido para o nosso idioma pelo poeta, ensaísta e tradutor brasileiro, Guilherme de Almeida,
Muitos são os bordões: Ser mãe traz recompensas maravilhosas! Ser mãe é ser maior! Ser mãe é dar vida à vida! Ser mãe é padecer no paraíso! Mãe, uma pessoa de sensibilidade aguçada e iluminada! A rainha do lar! Muitos são os predicados! Posso ficar horas e horas a enaltecer essa mulher esplêndida, chamada simplesmente de ‘Mãe’, que nos acompanha, desde a gestação, até os melhores e piores momentos de nossas vidas, sempre com uma palavra certa para cada ocasião.
No segundo domingo de maio é festejado o ‘Dia das Mães” em nosso País. A data foi celebrada no Brasil, pela primeira vez, no dia 12 de maio de 1918, promovida pela Associação Cristã de Moços, de Porto Alegre, RS, mas somente foi oficializada como ‘data comemorativa’, por Getúlio Vargas, em 1932, a pedido das feministas da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, como estratégia de valorizar e destacar a importância das mulheres na sociedade, animadas com a conquista recente do direito ao voto feminino, em fevereiro daquele ano.
No entanto, a reverência às mães remonta à Mitologia, na Grécia Antiga, onde a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos deuses, considerada deusa da fertilidade e da maternidade. Ao longo do tempo muitas foram as formas de se homenagear as mães. Atualmente esse preito é adotado por inúmeros países e as comemorações variam de acordo com cada nação.
Não obstante, no início do século passado, nos Estados Unidos, Anna Jarvis (1864 – 1948), nascida na Virginia Ocidental, idealizou o ‘Dia das Mães’, como forma de homenagear sua própria mãe, falecida em 1905, uma metodista que dedicou sua vida à realização de obras de caridade. Depois de uma luta para oficializar a data, finalmente, em 26 de abril de 1910, o governador da Virgínia Ocidental, William E. Glasscock, a incluiu no calendário de datas comemorativas daquele Estado. Em pouco tempo outros Estados aderiram à celebração, com isso, o presidente Thomas Wilson, formalizou a data em todo o território nacional e a mesma foi comemorada, oficialmente, pela primeira vez em 9 de maio de 1914.
Entretanto, com a crescente difusão, popularização e comercialização do ‘Dia das Mães’, ao adquirir um caráter econômico e, ainda, o envio de mensagens imprensas em cartões, ao invés de manuscritas, por filhos e filhas, para demonstrarem seus afetos e emoções, desgostosa, Anna Jarvis afastou-se do movimento, lamentou a criação da efeméride e lutou para a abolição da mesma.
Contudo, não poderia deixar de louvar as três mulheres admiráveis que me criaram: Josephina, Antonia e Rosa, mãe, avó e tia, que me deram todo o carinho, bem-estar e ensinamentos.
Como fecho dessa pequena e singela homenagem às mães barretenses, cito, ainda, mais alguns versos de ‘Retrato de Mãe’, de Dom Ramon: “ […] Viva, não sabemos lhe dar valor/ porque à sua sombra todas as dores se apagam.// Morta, tudo o que somos e tudo que temos/ daríamos para vê-la de novo,/e dela receber um aperto de seus braços/e uma palavra de seus lábios [. . .]”
José Antonio Merenda
Ator, historiador e membro da ABC – Academia Barretense de Cultura – Cadeira nº 29