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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Artigos

Lockdown em Barretos: leitos hospitalares fechados, manejo incompetente da pandemia e o prejuízo à população

O prejuízo trazido à população de Barretos, não só do impacto direto na economia de todos os cidadãos, estende-se também à insegurança e angústia diante de uma pandemia que se arrasta.
Nessa altura, não se pode deixar de considerar e lamentar o acúmulo de erros administrativos que levaram (e levam) a essa situação.
A questão dos leitos hospitalares que de 350 leitos que tinha a Santa Casa há 3 anos e, mercê da administração assumida pela Fundação Pio 12, de súbito, reduziu a quantidade de leitos para 170, a título de economizar custos. Ficando todo esse período sem reposição desse espaço recurso (leitos) de atendimento, estando hoje com apenas 200 leitos. Mais grave: a despeito de aparecer a pandemia de Covid19, já há 1 ano e 3 meses, a ainda não se preocupando em corrigir a falha elementar e repor o número de leitos.
Ficam evidentes 2 coisas: uma que é o desprezo à condição de ser um hospital regional do SUS, totalmente desconforme a uma regra essencial de funcionamento hospitalar; outra, a falta de senso da necessidade de uma população que, ao final, é dona da instituição, enquanto intervindo pela Prefeitura, fazendo acontecer a colocação de interesses privados sobre um sagrado interesse público.
Consequências óbvias e graves: uma delas é o colapso no atendimento, que é um claro reflexo e sintoma de fracasso em administrar a pandemia por escassez de requisito ou providências necessárias: número de leitos para devido acolhimento.
Sendo que recursos não faltaram (e não tem faltado), a Prefeitura e a gestão da Fundação Pio 12 devem explicações sobre como 53 milhões do ano passado e quase 80 milhões nos primeiros 6 meses desse ano, não terem dado conta de ajustar o respaldo de estrutura para não se chegar à vexaminosa e triste condição de colapso, que só aconteceu em cidades com gestões hoje questionadas em termos de Brasil.
Sem aprofundar sobre todos os fatores que se somam na provocação desse caos (falta de política de atendimento, pouca testagem, condução incompetente dos casos por pessoal despreparado, negação de medidas preventivas e precoces, inépcia no uso de extensa rede de postos de atendimento), é preciso enxergar que a área da saúde está conduzida de forma amadora e incompetente, faltando lastro técnico e de expertise no seu comando.
Reflexo disso é o elenco de desculpas projetadas em setores injustamente imputados como a classe médica, pessoal de apoio, segmentos da população, etc., exigindo escusas públicas, que até foram providenciais.
A última tentativa de explicação é jogar a culpa também na população…Ora, se são festinhas de estudantes universitários, que se coíba de forma veemente e policial. Porque a grande população, em dias atuais, tem tomado, sim, os cuidados de higiene, mascaras e distanciamento muito melhores do que um na atrás.
Assim sendo, torna-se urgente a Prefeita tomar as rédeas do setor, que claramente encontra-se em mãos de terceiros, sem o mínimo senso do que seja o público e o coletivo, constantemente reclamando faltar “ainda mais” dinheiro.
Esta é a realidade indisfarçável e carente de providências urgentes para não afetar ainda mais o já sacrificado povo barretense. Está claro, sem necessidade de apontar, que setores da administração estão loteados a “parceiros” tradicionalmente preocupados em aproveitarem-se de vantagens.
É hora de o governo municipal desvencilhar-se de entraves e agir com propriedade ao que é gestão pública distributiva de direitos, antes que privativa e oportunista.
É como muitos pensam e torcem para melhorar.

Dr. Fauze José Daher
Médico Cirurgião – ex Diretor Clínico da Santa Casa
ex Presid. Assoc. Paulista
de Medicina (Regional)
Advogado

 

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