Artigos
DIVERSIDADE NAS EMPRESAS: Demitindo Preconceitos
Vivemos uma realidade de constantes mudanças, um cenário politico e histórico em transição, no qual diversos grupos estão reformulando seus discursos, buscando maior espaço nos ambientes sociais. A convivência em uma sociedade capitalista de consumo, multicultural e midiática como a nossa faz aflorar os mais variados tipos de diferenças entre as pessoas. Embora essa seja uma característica inerente à natureza humana ainda somos resistentes a ela. Essa resistência muitas vezes é expressa em modelos mentais que podem gerar discriminação, inclusive no ambiente organizacional.
Porém, as organizações estão diante de um dilema: mudar a estrutura organizacional para incluir a diversidade como princípio administrativo ou conservar essa estrutura que amplia preconceitos e exclusões, especialmente a grupos minoritários?
A diversidade nas organizações está ligada justamente à inclusão e à aceitação das diferenças culturais, étnicas, de gênero, idade, sexo, opinião, mas muitas vezes pela dificuldade de entendimento muitas organizações não veem vantagens em reconhecer tais diferenças e em promovê-las no ambiente organizacional.
O tema em questão é de grande importância visto que a organização abriga diversos grupos de indivíduos dentro e fora de suas paredes, e exatamente por isso não é possível ignorar a voz e a presença dessas pessoas que anseiam em participar e serem representadas de forma igualitária e justa. Trabalhar esta questão pode ser muito benéfico para a empresa, trazer grandes inovações, já que novas ideias dependem da heterogeneidade para se desenvolver, aumentar a produtividade, melhorar a convivência, e ainda beneficiar a imagem institucional, ou seja, como a organização é percebida por seus públicos.
Hoje no Brasil, apesar de existirem diversas Políticas de Inclusão, o tema diversidade, mesmo estando na moda, ainda ocupa efetivamente um pequeno espaço no dia a dia das empresas. A falta de reconhecimento sobre a relevância dessa temática pode estar diretamente ligada à intolerância e à vontade que muitas organizações têm de buscar um ambiente de homogeneidade, de consenso, em que os conflitos sejam ocultados ao invés das diferentes experiências, visões de mundo, bagagens e práticas culturais serem reconhecidas e debatidas com respeito e empatia a fim de impulsionar a aprendizagem e o crescimento.
Trabalhar a diversidade e implantar políticas de inclusão na organização não é uma tarefa fácil, pois se trata de uma decisão que exige mudança, revisão de crenças, abertura, capacidade de adaptação e disposição de todos da equipe; no entanto, os resultados a curto, médio e longo prazo são recompensadores, sem falar no impacto para a diluição de preconceitos e para a ampliação da liberdade de expressão na sociedade, que são pautas de diversos movimentos que já conquistaram direitos importantíssimos.
Aliás, falando em movimentos, você já parou pra pensar sobre maneiras de inserir alguns dos ideais dessas iniciativas no modelo organizacional da sua empresa? Aqueles que estão envolvidos com o movimento negro, feminista, ecológico, indígena, LGBTQ, das pessoas com deficiência, dentre outros, buscam diariamente formas de reconhecer alternativas plurais, democráticas e inclusivas para o maior número de pessoas. A sua organização também tem buscado formas de exaltar a pluralidade e a diferença no dia a dia, ou está reforçando ideais e discursos de silenciamento e exclusão?
A emissora de televisão portuguesa RTP utilizava, há algum tempo, o slogan: “De todos e de cada um” para se referir à essência da empresa. Na nossa opinião, esse posicionamento pode gerar uma grande reflexão sobre o reconhecimento da diversidade nas organizações. Sabemos que uma empresa precisa ter um senso de coletividade e deve buscar certa consonância global (ou seja, ser um espaço “de todos”, mas como podemos fazer para que cada indivíduo que participa da organização tenha vez e voz, com a sua singularidade não apenas respeitada, mas exaltada? A sua empresa está buscando ser “de todos e de cada um”? Pense nisso.
Nádia de Castro Carvalho.
Mestre em Administração e professora da Faculdade Barretos
Tainah Schuindt Ferrari Veras, Mestre em comunicação pela Unesp Bauru
e professora nas Faculdades Integradas de Bauru (FIB)
Karine Rocha de Souza.
Aluna Pós-Graduação Gestão de Pessoas. Faculdade Barretos