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A comunidade dos Hebreus
Já mostrei em artigo anterior os ensinamentos de Pedro Vasconcellos no livro “Como ler a carta aos Hebreus”, mas o assunto não foi esgotado. Um olhar atento descobrirá que o autor do texto considera muito aquilo que a comunidade está vivendo e sofrendo. E um texto revela isso (Hb 10,32-39). E, mostra-se que a comunidade viveu uma experiência de sofrimento que fez com que alguns a abandonassem (Hb 10,23-25). A comunidade está enfraquecida, e precisa de leite, alimento das crianças, mas o autor esperava que ela estivesse madura (Hb 5,11-14).
E o que podemos aprender com a humilhação (Hb 13, 15,16): por ele ofereçamos a Deus sem cessar sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome (Os 14,2). Não negligencieis a beneficência e a liberalidade. Estes são sacrifícios que agradam a Deus!
Assim, temos a certeza que existiu uma comunidade que recebeu o texto. O texto de Hebreus não é uma carta, a rigor, nem um tratado doutrinário, nem um escrito que quer entrar em polêmica com outras religiões, nem mesmo com o judaísmo. Vemos no texto que ele se apresenta como uma “palavra de exortação” (Hb 13,22). Esta expressão aparece também em Atos (13,15), quando se faz um convite a Paulo e Barnabé para que dirijam a palavra ao povo reunido na sinagoga de Antioquia da Pisídia. Se tomarmos essa indicação, teríamos em Hebreus uma meditação, talvez uma homilia, já que parece ter sido escrita para ser lida diante da comunidade reunida (Hb 2,5; 5,11; 6,9) e animá-la em seu caminho e testemunho. Isso faz sentido com o conteúdo do escrito.
Para ler bem Hebreus é necessário não esquecer a situação em que se encontravam as pessoas: cárcere, humilhação, vergonha, desânimo. Assim como nós,muitas vezes, a comunidade não conseguia entender. Portanto, Hebreus é um alerta para todos nós.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.