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sábado, 01 de fevereiro de 2014

Artigos

Ausência de pai

Cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan descobriram que nos bairros em que jovens não tem um homem adulto junto são mais propensos ao crime. Estimaram que esses jovens tem 36% mais chance de cometer crimes que os jovens que habitam bairros em isso não ocorre. Também descobriram que os comportamentos violentos dos jovens de 10 a 24 anos são maiores na parte da população que não tem segundo grau completo. Só estes dois fatores explicam mais de dois terços da taxa de assaltos feitos por adolescentes. 
O estudo foi publicado no “Journal of Community Psychology” e é o primeiro a mostrar uma associação entre ausência de homens adultos na vida dos jovens e violência na adolescência. A ausência do pai é um fator de risco para uma série de maus comportamentos no adolescente, seja promiscuidade ou violência. E um alerta para as autoridades municipais, já que a ausência dos pais se deve também a perda de emprego, morte ou prisão. 
A dificuldade das mulheres encontrarem homens para relacionamento estável está, segundo os cientistas, justamente na grande quantidade de mulheres disponíveis nesses bairros. O desejo de compromisso de longo prazo em relacionamentos românticos e investimento em crianças ficam reduzidos nos homens. 
Os cientistas utilizaram os dados da Polícia para calcular as taxas médias mensais de assalto e comparou com dados sociodemográficos dos Estados Unidos da América. 
Em outra pesquisa da mesma Universidade descobriram que mesmo ausente, um pai pode desenvolver uma importante ação contra a violência juvenil. O estudo foi realizado dentro do Programa Pais e Filhos, cujo objetivo é melhorar a confiança e as habilidades de pais não residentes para prevenir comportamentos violentos de jovens. O programa envolveu pais afro-americanos e seus filhos de 8 a12 anos. 
O programa melhorou a capacidade dos pais que não residem com seus filhos para conversar sobre assuntos sensíveis sobre como evitar comportamentos de risco, tais como a iniciação sexual precoce e comportamentos violentos durante a infância e pré-adolescência. 
Após o “treinamento” dos pais, os cientistas observaram que os comportamentos de risco e agressivos diminuíram. Os cientistas acreditam que o envolvimento do pai cria uma consciência e uma ligação positivas. Além disso, viram uma melhora na satisfação dos pais com seus filhos. 
Os cientistas descobriram que o pai que não vive com seus filhos pode influenciá-los a ficar longe de comportamentos de risco mesmo que residam em comunidades de alta criminalidade e pobreza. 
Esse Programa é uma iniciativa do Centro de Prevenção de Violência Juvenil da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan e envolveu também várias organizações de base comunitária em Flint, Michigan, abrangendo 287 famílias (pai e filho que moravam em casas separadas e em regiões com alta criminalidade e violência). E 56% desses pais disseram que mal tinham ou não tinham dinheiro suficiente para sobreviver. 
Certamente, é uma experiência que deveria mover nossas autoridades municipais em áreas com histórico de violência juvenil. 
 
Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano. 

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