Artigos
A palavra e as mãos
Muitos pais e mães costumam abençoar seus filhos especialmente quando menores, impondo-lhes as mãos sobre a cabeça.
Assim como em muitas outras religiões, na católica a Renovação Carismática, mais do que outros movimentos atuais da nossa Igreja faz suas orações frequentemente acompanhada da imposição das mãos sobre a cabeça ou os ombros da pessoa pela qual se ora. Atribui-se a este gesto um valor real.
É preciso lembrar que a mão, junto com a palavra é um dos meios mais expressivos da linguagem humana.
A mão simboliza às vezes o poder, como se lê no livro de Salmos: “Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 18,2). A mão simboliza também o Espírito de Deus: “A mão do Senhor veio ali sobre mim…” (Ez 3,22)
Impor as mãos sobre alguém é mais do que levantá-las, mesmo que seja para abençoar. Impor as mãos é tocar realmente o outro e comunicar-lhe alguma coisa de si mesmo.
Nos Atos de Apóstolos temos o relato do seguinte fato: os habitantes de Samaria tinham sido batizados no nome do Senhor, mas não tinham recebido o Espírito Santo. Pedro e João foram lá impor as mãos e eles receberam o Espírito Santo. Sabemos também que Paulo impôs as mãos a Timóteo, e este repetiu o gesto àqueles que escolhia para o sacerdócio. Esse gesto aparece também com as curas.
E, conforme a promessa do Cristo ressuscitado, os discípulos “Imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mt 16,18)
Embora hoje, em Barretos e por esse Brasil afora, milhares de falsos profetas e curandeiros estejam impondo sacrilégicamente suas mãos imundas e ávidas por dinheiro sobre muita cabeça; de uma coisa podemos estar certos: a nossa oração por alguém, acompanhada da imposição das mãos, têm um valor ainda maior, desde que o nosso coração esteja liberto do ódio e desamor.