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A escola de Tomé
Ainda que inconscientemente, todos nós, no fundo, pertencemos ao mesmo partido de Tomé, jogamos no mesmo time de Tomé e frequentemente a mesma escolinha de Tomé.
É o partido dos retardatários ou dos que chegam pontualmente atrasados aos encontros marcados por Cristo. É o time dos individualistas ou dos que não se integram tão facilmente nas comunidades. É a escolinha dos desconfiados ou dos que, para crer, precisam ver com os olhos e tocar com as mãos…
Herdeiros de Tomé, nós vivemos em tensão entre: desejo de acreditar e medo de ficar decepcionados; instinto de jogar-nos aos pés de Jesus gritando “meu Senhor e meu Deus” e pavor de descobrir que aquele Jesus não passa de fantasma; vontade de imitar os colegas na profissão de fé e mania de mexer com os dedos naquelas chagas…
Não temos pinta de heróis nem auréola de santos. Mas uma coisa é certa: queremos crer, como também queremos amar e esperar. Aliás, vivemos no terror de perdermos a capacidade de crer, de esperar e de amar.
Contudo, é bom sabermos que quando sofremos por causa de nossa falta de fé, quando nos angustiamos por nossa esperança enfraquecida e quando lamentamos não ter a coragem de amar, é sinal de que já estamos crendo, esperando e amando…
Agora, o mais difícil não é “crer sem ter visto”; o mais difícil é “viver a fé”. Porque a fé no Ressuscitado é exigente e nos obriga a trabalhar e lutar, até eu a realidade social seja transformada e renovada na justiça.
Alguém insinuou que, o que falta aos cristãos de hoje não é a coragem de crer no Cristo, mas a coragem de agir de acordo com a fé que professam.
Talvez, essa insinuação não esteja tão longe da verdade. Mas, se assim for, aonde iremos esconder nossas caras, longe de Deus e do mundo?