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sexta-feira, 26 de abril de 2024

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A Empresa do Futuro: Desmistificando a tecnologia

Neste artigo vamos debater o sétimo e último (até o momento) detrator de transformação para uma “Empresa do Futuro”. O tema mais exaustivamente escutado nas redes sociais e mais explorado pelas consultorias. Muitos entendem que “A Empresa do Futuro” seja sinônimo de transformação digital. E enfatizamos: não é apenas este o enfoque! E tampouco transformação digital se restringe à tecnologia!
Nunca a tecnologia esteve tão acessível. E com custos cada vez menores! Nunca os profissionais de Tecnologia da Informação foram tão disputados, apesar de serem poucos os que são orientados à estratégia e não à infraestrutura! Nunca as empresas quiseram ser tão digitais, apesar de estarem construídas sobre estruturas e modelos tradicionais e rígidos! E nunca as empresas precisaram ser tão competitivas em ofertas de valor, apesar de os clientes continuarem pressionando por preço!
Desmistificar a tecnologia é importante para que você não invista em tecnologia desnecessária ou errada que não lhe dará nenhuma vantagem de longo prazo. Nos dias atuais, a tecnologia é inerente à estratégia futura da sua empresa. Mas qual deve vir primeiro? A tecnologia habilitando a estratégia ou vice-versa? Resposta: leia novamente os artigos anteriores da série “A Empresa do Futuro” (para que eu não repita tudo aqui). Então a resposta está dada: é essencial você acompanhar os movimentos tecnológicos, mas você não vai conseguir comprar sua transformação. Então, somente ao final do seu ciclo de estratégia, quando você souber por que você precisa da tecnologia, decida onde investir.
Da forma que os players têm se posicionado, cada arena de mercado terá novos concorrentes que atuarão de forma ampla ou em nichos. Ou serão plataformas, ou serão compradas por um agregador, ou serão “heróis nacionais” se tiverem sorte, ou especialistas, ou então vão desaparecer. Isto vale para qualquer segmento competitivo. Em todos os casos, a estratégia tecnológica será distinta da atual e irá acelerar ou retardar o sucesso do movimento.
A capacidade de ler o mercado, analisar as necessidades dos clientes, compilar estes dados e gerar produtos e serviços sob demanda, em tempo real, será crucial para todos. Nessa velocidade, não é possível seguir com planilhas de cálculo ou departamentos com 100 pessoas executando transações. Não há mistério: o jogo mudou e todos precisam trabalhar com as novas regras.
Um exemplo interessante é retratar as transformações da indústria de conteúdos em vídeos, obviamente sem buscar sermos exaustivos com as transformações que aconteceram nesta arena. Então temos inicialmente o YouTube, lançado em 2005, em que sua tecnologia suportava a publicação de vídeos amadores na internet. E de forma distribuída, literalmente qualquer um com acesso à mesma se tornou um produtor de conteúdo.
Entretanto, as demandas dos clientes foram ficando cada vez mais específicas, e novamente a tecnologia é aplicada para atendê-las, como é o caso do Twitch, uma plataforma destinada para streaming de jogo. Ou seja, aplicação de funcionalidades tecnológicas específicas para permitir a personalização da demanda.
E atualmente? Com o tempo de atenção dos consumidores cada vez menor, a demanda massificada muda novamente, e surgem plataformas como o Tik Tok, criado em 2016, que transformam o consumo de vídeos em pequenas pílulas, desta vez orientadas a aumentar o engajamento, e não expandir funcionalidades.
A pergunta que fica é: E todos os outros jogadores que existem nesta indústria? E todos os nomes não citados? E todas as gravadoras e os estúdios? E todo o novo mercado que surgiu, por exemplo, com o aumento dos números de gamers ou influenciadores sociais? Quando for analisar sua arena, olhe para a tendência de transformação desta e aplique tecnologia para te possibilitar chegar lá. Ou você constrói este caminho, ou vai servir a plataforma de alguém que o fez.
Entretanto, sem que os silos organizacionais sejam quebrados e as informações fluam, isto não será possível. O nosso papel como KPMG, com “A Empresa do Futuro”, é estimular a quebra destas barreiras através do estímulo à criação de novos negócios que vão permitir uma transição menos traumática para aqueles negócios que mais necessitam de transformação. Acreditamos que desta forma damos nossa contribuição para os mercados onde atuamos.

*Fernando Aguirre é líder de Mercados Regionais da KPMG no Brasil. **Thammy Marcato é sócia-diretora de Inovação e Transformação Digital da KPMG no Brasil.

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