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A China e o controle de natalidade
Caros leitores,
A China está na boca de povo. Quer seja relacionada à Covid-19, o coronavírus, as vacinas e os insumos, quer seja quanto à política interna de controle de natalidade. O país é o mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhões de habitantes em 2021, quase um quinto da população do planeta. Apesar disso, a preocupação dos chineses é incentivar os casais a voltarem a ter mais de um filho, ou seja, o inverso do que acontecera na década de 1970.
Atualmente é um dos temas mais debatidos na China e mexe com a vida privada da população. Declarações de autoridades e propagandas do governo, incentivam os casais a terem filhos em nome da nação, com o bordão “Ter filhos é um assunto de família, mas também uma questão nacional”, com o argumento de que o país precisa de novas políticas para lidar com o impacto da baixa taxa de natalidade na economia. Essas medidas geram críticas constantes nas mídias sociais, como: “Isso tudo vai contra o que nos disseram quando crescemos, para casar tarde e ter menos filhos”, lamenta um dos internautas. No entanto, vários estímulos importantes são lançados, entre eles, a liberação de licença-maternidade, incentivos financeiros e fiscais.
Em 2016, após diversos estudos, a República Popular da China passou a flexibilizar a política do filho único, com a perspectiva de que os casais tivessem um segundo filho, para ajudar a desacelerar o ritmo de envelhecimento da população. No entanto, isso não funcionou de acordo com as perspectivas. Durante anos, a milenar China havia se beneficiado de seu crescimento demográfico, com uma grande população capaz de fornecer ampla mão de obra, enquanto tinha um equilíbrio entre as pessoas muito jovens e idosas. Isso favoreceu a rápida ascensão econômica do país.
No entanto, em 1979, três anos após a morte de Mao Tsé-Tung, líder comunista, revolucionário e ex-presidente chinês, medidas drásticas e adequadas para a época, foram tomadas com o objetivo de brecar o crescimento populacional, combater a alta densidade demográfica e o baixo desenvolvimento econômico, que deixava grande parte da população chinesa abaixo da linha da pobreza. Uma das medidas adotadas foi a proibição aos casais de conceberem mais de um filho. De certa forma invadiram a privacidade deles. Entretanto, a regra foi rigorosamente aplicada para a maioria das famílias. Quem a violava podia ser multado, perder o emprego ou ser alvo de aborto induzido e até esterilização, por conseguinte, recebia pesadas críticas da comunidade internacional, pois estaria violando os direitos humanos. De outro lado, não foram capazes de prever o impacto dessa medida nas gerações futuras.
Por que isso é tão urgente? O crescimento demográfico chinês vem diminuindo sensivelmente. Após quatro décadas de regras rígidas para a política de filho único, o governo daquele país enfrenta os reflexos das medidas de controle da natalidade, em consequência houve o encolhimento do número de jovens e adultos até 65 anos, base da economia, em contrapartida com o crescimento da população idosa, que, por sinal, vive mais, ou seja, está se tornando um país de velhos. Isso provoca sérios desequilíbrios e enormes impactos na economia, na previdência e, nos serviços voltados às necessidades de idosos.
De acordo com vários analistas demográficos, o governo chinês demorou muito a agir e agora trava uma batalha para recuperar o tempo perdido, visando aumentar a taxa de natalidade, a fim de evitar que sua população envelheça demasiadamente nas próximas décadas.
O fim da política do filho único tem seus objetivos, mas os dados apontam que, apesar das novas regras, os jovens parecem não querer mais de um filho, pois conviveram durante toda a vida com a política de filho único; diminuição de mulheres em idade fértil; a falta de infraestrutura para receber as crianças, como creches e educação de qualidade; além do mais, as próprias famílias chinesas, sobretudo as mais abastadas, se recusam a ter o segundo filho.
É, os chineses estão, realmente, com uma batata quente na mão!
(Fontes: Dados colhidos
da internet)
José Antonio Merenda
Historiador e membro da ABC – Academia Barretense de Cultura – cadeira nº 29.