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A CARNE É MÁ, E O ESPÍRITO É BOM?
É preciso estar atento para não achar que as palavras “carne” e “espírito” significam, na Bíblia, o que significam para nós. Exemplo: Paulo. Nos escritos de Paulo, o contraste entre espírito e carne não é o contraste entre a dimensão espiritual do ser humano enquanto tende ao pecado. O caso mais ilustrativo é Gálatas 5,16-26. “Carne”, aí, não é a nossa ´parte´ física, o nosso corpo, a nossa matéria. “Espírito”, aí, não são duas ´partes´ do ser humano, mas duas orientações diferentes, opostas mesmo, da totalidade do ser humano. “Carne” significa egoísmo, pecado; “Espírito” significa amor, abertura para Deus e para os outros. “Carne” é o ser humano abandonado ao seu próprio egoísmo; “Espírito” é o ser humano transformado pelo Espírito de Deus, o Espírito Santo.
Paulo também estabelece uma ligação positiva entre o Espírito e a fé e uma relação negativa entre a carne e as obras da Lei (Gl 4,21-31). Pode-se dizer, então, que a pessoa “espiritual” é determinada pelo Espírito de Deus, enquanto a pessoa “carnal” age como os que não acolheram o Espírito Santo (1Cor 2,12 – 3,4).
Neste sentido, os vícios são obra da “carne”, e as virtudes, fruto do Espírito (Gl 5,16-26). O florescimento pleno e total das duas opções se verá no fim: o comportamento carnal leva à Morte; o comportamento Espiritual conduz à vida eterna (Gl 6,7-8; Rm 8,1-17).