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sexta-feira, 26 de abril de 2024

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“É uma Páscoa para o Senhor” (Ex 12,11)

A celebração da Páscoa para os judeus é a recordação viva da sua libertação da escravidão do Egito. A cada ano, no seio de toda família judaica, todos se assentavam à mesa na noite do dia 14 de Nisan para comerem a Páscoa do Senhor fazendo memória dos prodígios que Deus realizara para tirar o seu povo do jugo da escravidão e conduzi-lo à Terra Prometida (cf. Ex 12, 1-8. 11-14).
“E quando amanhã o teu filho te perguntar: ‘Que significa isso?’ responder-lhe-ás: Com mão poderosa o Senhor nos fez sair do Egito, da casa da escravidão. Como o faraó se obstinasse em não nos deixar ir, o Senhor matou todo primogênito na terra do Egito, desde os primogênitos dos homens até os primogênitos dos animais” (Ex 13, 14-15).

“De fato, nosso cordeiro pascal, Cristo, foi imolado” (1Cor 5,7)

Nós, cristãos, celebramos não mais a libertação operada pelo Senhor em favor de Israel, mas a vitória do Ressuscitado sobre o pecado e a morte que garante a vida eterna para todos os que creem em seu Nome.
A morte de Cristo na cruz e a sua ressurreição são o mais perfeito cumprimento da Páscoa acontecida no Antigo Testamento; é, precisamente por isso que Jesus entra na sua Paixão com aquela ceia que os seus discípulos deverão repetir “em sua memória”. Como nos dizem os evangelistas, tratar-se de uma “ceia de Páscoa” (Mc 14,12-16; Lc 22,7-15).
Como para os israelitas, agora para os cristãos, não se trata de relembrar um fato do passado, mas revivê-lo no interior da liturgia. Nós nos tornamos coparticipantes do mistério pascal que iniciou com a ceia de despedida e se consumou com a ressurreição de Jesus. São Paulo explica o fato assim: “Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor 11,26).
Na liturgia do Tríduo Pascal, com toda a Igreja, revivemos os momentos derradeiros de Jesus que garantem para nós a vida eterna. Daí a importância de que nos preparemos para a celebração dos mistérios da morte e ressurreição do Senhor certos de que “se morremos com Cristo, também com ele viveremos” (2Tim 2,11).

“Se ressuscitastes com Cristo” (Col 3,3)

Se até agora consideramos a Páscoa do Senhor no seu aspecto litúrgico, agora cabe-nos refletir sobre a sua vivência. Para nós que celebramos a Páscoa do Senhor revivendo a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, cabem as palavras de São Paulo proclamadas na Epístola do Domingo da Páscoa: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Col 3,3).
Através da liturgia nós nos tornamos contemporâneos da Ceia do Senhor, do seu caminho para o Calvário, da sua morte na cruz e da sua ressurreição dentre os mortos. Acompanhamo-lo para aprender com Ele a passar da morte para a vida.
E quando passamos da morte para a vida? É São João, na sua carta, que encontramos a resposta: “Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama, permanece na morte” (1Jo 3,14).
Ao celebrarmos a Páscoa do Senhor, somos levados por Ele a compreender o significado do mandamento que Ele deixou como testamento aos que creem: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34-35).
Celebrar a Páscoa é, portanto, percorrer o mesmo caminho que Jesus percorreu ao dar a sua vida como resgate de muitos. É tornar visível, pela nossa vida, aquele amor que levou-O a dizer: “Não há maior amor prova de amor do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).
Na certeza de que todos haveremos de celebrar a Páscoa com os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (Flp 2,5) quero desejar a todos uma abençoada Festa da Páscoa. Que o nosso “Aleluia” associado ao de toda Igreja seja a exclamação de quem extasiado compreende a força do amor capaz de vencer o pecado e a morte, e garantir a vida para sempre.

FELIZ PÁSCOA!
ABENÇOADA PÁSCOA DO SENHOR!

Dom Milton Kenan Júnior
Bispo Diocesano de Barretos

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