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domingo, 27 de abril de 2025

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Ibama suspende aplicação de agrotóxicos à base de fipronil, que “tem efeito devastador”, diz apicultor

O Ibama publicou, no mês passado, um comunicado para suspender, como medida cautelar, a aplicação de agrotóxicos à base de fipronil por meio de pulverização foliar em área total, ou seja, não dirigida ao solo ou às plantas. A medida visa a proteção aos insetos polinizadores até que o referido procedimento de reanálise do agrotóxico seja concluído pelo Ibama.

O apicultor barretense Matheus Duarte, em entrevista ao JBR, disse que essa determinação veio na hora certa, “porque a gente não aguenta mais perder abelha para o fipronil. A gente sofre muito com isso”, lamentou.

Matheus explicou sobre o fato de se encontrar agrotóxicos em cera e mel, “acontece porque as abelhas vão até uma área onde estão aplicando o ‘veneno’ na lavoura, e se contaminam, ou até mesmo vão até uma flor que já está contaminada, como por exemplo uma flor de laranja, devido a isso, consequentemente o resíduo do agrotóxico que fica nas abelhas vai para o mel e para a cera”.

E o problema, de acordo com ele, é que o fipronil não mata a abelha na hora, então ela volta para a colmeia e tem o poder de acabar com o enxame todo. Por isso que “o fipronil tem um efeito devastador”.

O apicultor esclareceu que, quando isso acontece, certamente o profissional deve descartar todo esse mel contaminado e a cera.

“Sobre o envenenamento de abelhas, acontece muito, eu mesmo, no ano passado, perdi 200 enxames, ano retrasado perdi 60. A defesa agropecuária vai até o local onde a colmeia é administrada, coleta amostra das abelhas que morreram e manda para análise, nas duas vezes constataram a presença do fipronil”, contou.

Matheus comentou sobre a importância da aplicação deste componente nas lavouras. “A gente [os apicultores] entende que os lavoureiros têm que fazer essa aplicação para produzir os alimentos, mas têm também que olhar para as abelhas porque são primordiais para a produção deles, na soja, no feijão, porque elas aumentam em até 30% a produtividade da soja, por exemplo”, suplicou.

Outra situação de presença de resíduo de agrotóxico em cera e mel, é com o famoso glifosato “que já está até na água que a gente bebe”. Ele argumentou que as abelhas acabam pegando o resíduo dessa substância e volta com ele para a colmeia contaminando mel e cera, mas ele não mata a abelha, ele atua nos neurônios reduzindo o tempo de vida, mas não acaba com o enxame, porém o mel permanece contaminado e o apicultor não tem como saber e acaba indo para o consumidor.

“Quando vamos vender um mel para exportação, a exportação faz uma análise para não mandar esse mel contaminado para Europa, EUA, pois há um nível de aceitação de contaminação por glifosato. No Brasil, a gente consome mel contaminado, não tem a obrigatoriedade de fazer essa análise aqui, porém todos os alimentos são contaminados com glifosato nesse país, não só o mel, isso é normal”, finalizou a explicação.

 

 Foto: Jaroslav Moravcik / Shutterstock.com

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