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Nossa cidade . . .
Caros leitores,
Ao comemorarmos o 169º aniversário de nossa querida Barretos, hoje Estância Turística de Barretos, a parabenizamos!
Ao homenageá-la muitos fatos são revividos, como estes: até início do século passado, eram poucas as vias públicas em nossa cidade. O mapa seguia os 80 alqueires doados pelas famílias de Francisco Barreto e Simão Antonio Marques (Librina), conforme documento datado de 25 de agosto de 1854, ao Divino Espírito Santo, transformando-o em terreno foreiro, o qual contemplava o seguinte perímetro, onde hoje se encontram as avenidas 1 a 35 e as ruas 2 a 32.
Nesse mesmo perímetro, as vias públicas foram projetadas em forma de tabuleiro de xadrez e recebiam nomes, ao invés de números como hoje as conhecemos. No entanto, os nomes eram alterados, como trocar de camisa, a bel prazer a pedido dos partidos políticos, na época ‘Araras’, do Cel. Silvestre de Lima e os ‘Pica-paus’, do Dr. Antonio Olympio Rodrigues Vieira. Dessa forma criava uma certa confusão entre a população, principalmente entre os comerciantes, que se viam obrigados a alterarem documentos fiscais e folhetos de propaganda constantemente, com os novos endereços. Sem contar que várias vias públicas levavam o mesmo nome, caso de ‘República’.
Para estancar as polêmicas existentes na época, em 1915, o então vereador Eleazar de Menezes entrou com um Projeto de Lei para alterar as denominações das vias públicas para algarismos. A Lei foi sancionada pelo prefeito Dr. João Machado de Barros a 29 de dezembro de 1915. As vias de Norte a Sul, passaram a ser chamadas de ruas, obedecendo a numeração par; e de Leste a Oeste, passaram a ser chamadas de avenidas com a numeração ímpar.
Por curiosidade, vejam como eram os nomes de nossas ruas: 2 – República; 4 – Floriano Peixoto; 6 – São Sebastião; 8 – Francisco Glicério (antiga República); 10 – Cel. Silvestre de Lima; 12 – Francisco Barreto; 14 – Prudente de Morais (antes denominada ‘Do Comércio’); 16 – Benjamin Constant; 18 – Cel. Almeida Pinto; 20 – Alfredo Elis; 22 – Tiradentes; 24 – Dos Italianos; 26 – Campos Salles; 28 – Rodrigues Alves; 30 – Cap. Joaquim Mendes de Almeida; 32 – República; e as avenidas: 1 – Buenos Aires; 3 – República; 5 – Cel. Antonio Nogueira (antes av. Bebedouro); 7 – Dr. Pedro Paulo (antes av. do Outro Mundo ou da Serra); 9 – Dr. Antonio Olympio (antiga Rio Branco); 11- Jorge Tibiriçá; 13 – Albuquerque Lins; 15 – Alberto Sales; 17 – Rubião Júnior; 19 – Cel. Antonio Marcolino; 21 – Marechal Deodoro da Fonseca; 23 – 15 de novembro; 25 – 13 de maio; 27 – Bernardino de Campos; 29 – 7 de setembro; 31 – República; 33 – Rio Preto; 35 – Cel. José Eduardo de Oliveira.
Por exemplo, meu bisavô José Bevilacqua, imigrante italiano, recém-chegado a Barretos em 1912, adquiriu um terreno de 44 x 44 metros, onde construiu cinco casas, na esquina da Tiradentes, com a Rio Preto, depois denominadas de rua 22, esquina da avenida 33, onde nascemos em 1956 e vivemos até os 21 anos.
Com o inevitável progresso de nossa querida Chão Preto, ela cresceu em todas as direções, o que fez surgir novos bairros, ruas e avenidas. No sentido Leste, indo além da rua 2 e das avenidas ao Sul, além da av. 1. Uma solução foi encontrada, até pitoresca, foram acrescentados um zero à esquerda da numeração, como exemplo: ruas 02, 04, 06 e avenidas 01, 03, 05, daí por diante.
Porém, o processo inverso aconteceu no bairro Aeroporto anos depois. O bairro foi construído próximo ao antigo Campo de Aviação, onde hoje está o UNIFEB. As avenidas foram batizadas com algarismos, porém, rebatizadas com nomes ligados à aeronáutica. Sendo assim, a avenida 01, passou a denominar-se Sacadura Cabral; 03, avenida Alm. Gago Coutinho; 05 – Aeróstato; 07 – Santos Dumont; 09 – Brig. Guedes Muniz; 011 – Pe. Alexandre de Gusmão e 013 – Brig. Eduardo Gomes.
A nossa cidade tem algo a mais que nos fascina!
(Fonte: ‘Barretos de Outrora’, de Osório Rocha).
José Antonio Merenda
Escritor, historiador e
membro da ABC – Academia
Barretense Cultura – Cadeira nº 29