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Para que n’Ele nossos povos tenham vida
Neste ano de 2019, o Mês da Bíblia (setembro) tem como tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Primeira Carta de João”, e o lema: “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,9).
O tema da Campanha da Fraternidade 2019 foi “Fraternidade e Políticas Publicas”, chamando nossa atenção para as políticas que visam garantir as condições básicas de vida para todas as pessoas; e, às vésperas do Sínodo da Amazônia, que deseja “identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectiva de um futuro sereno” (Papa Francisco) somos levados pela comunidade do Discípulo Amado a reconhecer um maior alcance que deve ter a vida para nós.
“A vida eterna não é uma questão de quantidade de vida, de uma vida que não se acaba porque dura para sempre, para além da morte. Vida eterna é, antes, um modo de vida: que começa já na prática da justiça e do amor aos irmãos, e dura eternamente porque Deus permanece para sempre” (Subsídio Mês da Bíblia 2019, CNBB, p.52).
Desde o prólogo da Carta (1, 1-4) até a sua conclusão (5,13) o tema da vida vai se aprofundando sempre mais a partir do conceito da encarnação. É importante lembrar-nos que a comunidade do Discípulo Amado sofre com a dissidência daqueles que negam que Jesus é o Cristo (“Anticristos”), porque não reconhecem que o Filho de Deus tenha vindo na carne.
A convicção de que no homem Jesus, Deus revela seu rosto divino e humano faz o autor exclamar já no início: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam da Palavra da Vida – vida esta que se manifestou, que nós vimos e testemunhamos…” (1,1-2).
E será partindo do encontro com Jesus, da sua companhia e da sua presença que a comunidade do Discípulo Amado reúne neste texto aqueles princípios que devem iluminar a conduta e as escolhas dos que crêem em Jesus: “Deus é luz” (1Jo 1,5 – 2,27); Quem pratica a justiça é de Deus (1Jo 2,28 – 4,6); “Deus é amor” (1Jo 4,7 – 5,12).
No Seu Filho Jesus, Deus manifestou seu amor: “Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que vivamos por ele” (4,9). Nele encontramos a vida e aprendemos a viver a vida como resposta de amor, permitindo que nossos semelhantes sejam beneficiários do nosso amor (cf. 1Jo 2,20; 3,14.16).
A leitura da Primeira Carta de João, durante o Mês da Bíblia, vai aguçar nossa sensibilidade para reconhecermos o amor de Deus por nós e, para as muitas possibilidades de manifestarmos nossos amor pelos nossos semelhantes.
Dom Milton Kenan Junior
Bispo Diocesano de Barretos