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sexta-feira, 19 de abril de 2024

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O risco da indiferença

É muito comum ouvir pessoas falando da falta de amor que existe no mundo diante as tantas situações ruins que infelizmente acontecem. Por outro lado, é possível perceber a concretude do amor como lemos na Primeira Carta de São João 4, 11-12: “Caríssimos: se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado entre nós”.
Frente a essas palavras podemos refletir um pouco sobre como estamos amando a Deus e aos nossos irmãos. Será que procuramos viver esse amor concretamente em nossas vidas ou ele está somente nas palavras e aparências? A forma de amar que São João se refere não é a de mandar todos os dias emojis de coração pelas redes sociais, nem de falar perfeitamente sobre o amor e as virtudes e muito menos daquele “amor” visto algumas vezes no banco da igreja, onde ali parece amar a todos e fora destrói a vida de outras pessoas com fofocas, intrigas e calúnias.
Somos convidados a dar um passo a diante daquilo que o mundo nos propõe, que é não amar a Deus, não buscá-lo, “amar” os irmãos com frieza, distância, arrogância e assim trocar o amor pela indiferença. E quanta indiferença na família, no trabalho, na sociedade, mas, sobretudo, a indiferença que cresce no coração. Se o amor não ocupa espaço em nosso coração abre-se terreno para a semente da indiferença que, a princípio, parece inofensiva. As decepções, falhas e outras limitações vão plantando em nós a grande ferramenta da indiferença: “ah não é problema meu…, Isso não faz mais parte da minha vida…, Não tenho nada a ver com isso…”.
Então, é preciso estar atento a tudo isso e cultivar sempre o amor a Deus que se traduz em amor aos que estão a nossa volta e são nossos irmãos. O Papa Francisco fez uma colocação muito oportuna sobre esse tema: “Se uma pessoa diz: ‘Eu, para estar bem limpo, só bebo água destilada’: você morrerá! Porque isso não serve para a vida. O verdadeiro amor não é água destilada: é água todos os dias, com os problemas, com os afetos, com os amores e com os ódios, mas é isso. Amar a concretude, o amor concreto: não é um amor de laboratório. Isso nos ensina o apóstolo com essas definições assim tão claras. Mas existe uma maneira de não amar a Deus e de não amar o próximo um pouco escondido que acontece por meio da indiferença. ‘Não, eu não quero isso: eu quero água destilada. Eu não me envolvo com o problema dos outros’. Você deve, para ajudar, para rezar”.
Que o Senhor e a Virgem Maria nos ajudem a preenchermos os espaços do coração com amor e assim não sermos indiferentes a nós mesmos e aos outros.

Matheus Flavio da Silva
Seminarista

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