Ir para o conteúdo

domingo, 15 de outubro de 2017

Artigos

O OUTRO

Bom Dia Barretos. Lamentavelmente parece que a humanidade foi tomada por um individualismo selvagem. Torce-se, às vezes, mais pela desgraça do outro, que pelo seu próprio sucesso.

Infelizmente, também aqui em Barretos, deparamos com fatos semelhantes, no nosso dia a dia. E, quando alguma coisa não vai bem, logo passa-se a dizer que a culpa é do outro. Não sei se é por falta de coragem de assumir a culpa, medo das consequências, ou um defeito de personalidade, mas com muita frequência vemos as pessoas querendo transferir a culpa de seus atos, para um terceiro. É aquela história: "Se der certo o mérito é meu, mas se der errado a culpa é do outro".

Lembrei-me então dos ensinamentos da fábula "O oleiro e o poeta". Diz a fábula que na cidade de Zahle ocorreu uma rixa entre um jovem poeta, de nome Fauzi, e um oleiro, chamado Nagib. Para evitar que o tumulto se agravasse, eles foram levados à presença do Juiz do lugarejo. O juiz, homem íntegro e bondoso, interrogou primeiro o oleiro, que parecia muito exaltado.

– Disseram-me que você foi agredido? Isso é verdade? – Sim, senhor juiz, continuou o oleiro. Fui agredido em minha própria casa por esse poeta. Eu estava, como de costume, trabalhando em minha oficina quando ouvi um ruído e, a seguir, um baque. Quando fui à janela, constatei que o poeta Fauzi havia atirado com violência uma pedra, que partiu um dos vasos que estava a secar. Exijo uma indenização! Gritava o oleiro.

O juiz voltou-se para o poeta e perguntou-lhe serenamente: – Como justifica o seu estranho proceder? – Senhor Juiz o caso é simples. Há três dias eu passava diante da casa do oleiro Nagib quando percebi que ele declamava um de meus poemas. Notei, com tristeza, que os versos estavam errados. Meus poemas eram mutilados pelo oleiro. Aproximei-me dele e ensinei-lhe a declamá-los de forma certa, o que ele fez sem dificuldade. No dia seguinte, passei pelo mesmo lugar e ouvi o oleiro repetir os mesmos versos de forma errada. Cheio de paciência tornei a ensinar-lhe a maneira certa e pedi-lhe que não tornasse a deturpá-los. Hoje finalmente retornava do trabalho quando, ao passar diante da casa do oleiro, percebi que ele declamava minha poesia estropiando as rimas e mutilando vergonhosamente os versos. Não me contive. Apanhei uma pedra e parti com ela um de seus vasos. Como vê, meu comportamento nada mais é que uma represália à conduta do oleiro.

Ao ouvir as alegações do poeta, o juiz dirigiu-se ao oleiro e declarou: – Que esse caso, Nagib, sirva de lição para o futuro. Procure respeitar as obras alheias a fim de que os outros artistas respeitem as suas. Se você, equivocadamente, julgava-se no direito de quebrar o verso do poeta, achou-se também o poeta egoisticamente no direito de quebrar o seu vaso. E proferiu a sentença. – Determino que o oleiro Nagib fabrique um novo vaso de linhas perfeitas e cores harmoniosas, no qual o poeta Fauzi escreverá um de seus lindos versos. Esse vaso será vendido em leilão, e a importância obtida pela venda deverá ser dividida em partes iguais entre ambos.

A notícia sobre a forma inesperada como o sábio juiz resolveu a disputa, espalhou-se rapidamente. Foram vendidos muitos vasos feitos por Nagib adornados com os versos do poeta. Em pouco tempo, Nagib e Fauzi prosperaram muito. Tornaram-se amigos, e cada qual passou a respeitar e a admirar o trabalho do outro.

Como se vê, o sucesso de um não impede que o outro também o alcance, até pelo contrário, pode alavancar o sucesso do próximo. Viver em sociedade civilizada nos leva a torcer pelo sucesso do próximo, tal qual ele deverá torcer pelo nosso sucesso. Assim viveremos mais felizes e nos impulsionaremos mutuamente rumo ao sucesso. Um exame de consciência, tenho certeza, mudará o rumo dos acontecimentos.

Pensem nisso e tenham um feliz final de semana.

BOM DIA BARRETOS.

 

Compartilhe: