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sexta-feira, 19 de abril de 2024

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“O aborto não te ‘desengravida’ apenas te torna mãe de uma criança morta”

“Até nas orlas de tua roupa encontra-se o sangue dos cadáveres dos pobres inocentes, não surpreendidos no ato de roubar! Mas apesar de tudo isso dizes: ‘Eu sou inocente, certamente a sua ira vai afastar-se de mim’. Eis que te julgarei, porque dizes: ‘Eu não pequei’”. Jr 2, 34-35. O fantasma do aborto voltou a nos assombrar; tramita no Supremo Tribunal Federal uma audiência pública que discute a possibilidade de descriminalização do aborto até a 12ª semana de gravidez. Um dos argumentos favoráveis defende que este se tornou uma questão de saúde pública, pois uma em cada cinco mulheres pratica o aborto e a maioria delas acaba morrendo dada a clandestinidade dos serviços e a total falta de recursos para executá-los, dentre outros.
Em nota, Dom Ricardo Hoepers, representante da CNBB na Audiência Pública, lembrou que o direito a vida é o mais fundamental de todos os direitos e que a posição oficial da Igreja é de defendê-la sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a concepção até a morte natural e que reconhecer a vida desde a concepção não é fundamentalismo religioso, mas uma verdade científica. Exorta ainda que é injusto e desproporcional decidirmos contra uma vida inocente e indefesa.
Fato é que, em nome de uma suposta liberdade e direito de uma pessoa, quer privar a liberdade e o direito mais fundamental de outra. Acontece que se trata de uma guerra injusta, uma vez que há um lado evidentemente mais fraco e indefeso. A liberdade maior consiste, não em corrigir arbitrariamente os “erros”, como se abortar a “desengravidasse”, mas em assumir o controle e a responsabilidade pelos atos, isso por parte de ambos os sexos. Ao invés de se tratar de uma questão de saúde pública é, antes de tudo, de políticas públicas, de conscientização, de assistência, de educação e assim por diante.
Estamos imersos numa total e assustadora inversão de valores. Milhares de pessoas se mobilizam diariamente contra o abandono de animais; existem inúmeras campanhas para incentivar a adoção e Deus o livre se alguém for flagrado sacrificando um animalzinho por não o querer mais, corre o risco até de ser linchado. Mas a vida humana, a mais preciosa de todas, é banalizada; abandonar ou sacrificar um cachorro por qualquer motivo que seja, é causa de retaliação nacional, mas o “sacrifício” de humanos indesejados tonou-se causa de saúde pública.
O feto não pode continuar sendo visto como uma extensão do corpo da mulher, não é uma parte dela que por não agradar pode ser simplesmente retirado. O feto, embora dependente para sobreviver, é uma vida autônoma, cujo princípio vital não decorre exclusivamente do ato sexual irresponsável ou criminoso de adultos ou de um emaranhado biológico, mas de um Ser Superior que é o autor da vida e a ninguém deu autoridade sobre ela.
Enfim, essa é também uma batalha a ser trava de joelhos, contando com a força do Deus da vida para tocar as consciências e impedir que esse mal recaia sobre nossa nação, mas que, ao contrário, tais discussões resultem em políticas capazes de gerar uma agenda de compromissos com a vida, com a conscientização e com a assistência para com aquelas mães que, por alguma razão, se veem numa situação de risco ou de qualquer outra necessidade.
Diácono Fenando Felix Rabelo

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