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Deixar-se ser cuidado e amado para cuidar e amar
Diante das realidades cotidianas da nossa vida, perante um auxiliar exame de consciência em vista da avaliação de como estamos vivendo e quais atitudes precisam ser melhoradas, como por exemplo, se doar mais, ou até mesmo olhar para a realidade alheia e viver mais a caridade, somos sempre chamados de alguma forma, seja pessoal ou interpessoal a sofrer juntos nossas perdas.
Parece contraditório, porém, a cura e a alegria vistas como a verdadeira felicidade começam com uma visão honesta daquilo que nos causam dor. Ao tentarmos esconder dos olhos de Deus, da sociedade e até mesmo de nossa própria consciência partes de nossa história, tornamo-nos juízes do passado e limitamos a misericórdia de Deus e os devidos esclarecimentos de nossas fraquezas e nossos medos humanos. Os esforços que fazemos para nos desconectar de nossos sofrimentos e dos sofrimentos alheios terminam por desconectar nosso sofrimento do sofrimento de Deus por nós.
Quando Jesus disse: “Eu não vim chamar justos, e sim pecadores” (Cf. Mt 9,13), é possível perceber que Jesus estava afirmando que só aqueles que são capazes de enfrentar e aceitar sua situação de dor estarão aptos para que a cura de fato se estabeleça e nos dê a capacidade de uma nova maneira de viver.
Deste modo, fica claro que é preciso vivermos a caridade e a compaixão consigo mesmos e também com o nosso próximo; deixar-se ser cuidado e amado para assim ter condições de agir com amor e misericórdia diante das feridas de nosso próximo, assim como nos ensina Jesus Cristo.
Sejamos imitadores de Cristo e examinemos nossa consciência: como temos cuidado de nossas dores e também das dores do próximo?
Daniel Canevarollo
Seminarista