Cuidado e amar são a mesma coisa

Quando estamos em momentos ruins de nossa vida sempre pendemos a pensar que não somos capazes de nada, ou que a vida tem se esquecido de nós. Mas não é bem assim! Quando a tribulação vem nos visitar indagamos onde está Deus que permitiu que isso ou aquilo nos acontecesse, ou que é só comigo que acontece isso. Também não é assim!
O sofrimento ofusca o cuidado que Deus tem por nós. Assim como Deus nos ama, seu amor se expressa em cuidado. O amor que nós sentimos também deve se expressar no cuidado. A palavra bonita que o amigo ou a amiga nos diz pode até nos seduzir, porém só será eficaz se concretizar no cuidado. Cuidado e amar são a mesma coisa. Na medida em que cuidados dos outros e de nós mesmos nos transformamos naquilo que somos, nada mais que criados para amar [Cf. 1Jo. 4, 9-11]. O que eu cuido e o que faço vai ajudar ou não o cuidado de Deus na minha vida acontecer. Se não fizermos a nossa parte, sempre vamos esperar aquilo que primeiro passa por nós.
Há muitas pessoas que nos colocam para baixo, que querem mascarar a figura de Deus para nós, como um Deus vingativo, maldoso, mas estamos sobre o domínio do Novo Testamento que nos ensina que Deus é amor, e não mais opressor ou vingativo como nos narra o Antigo Testamento. O cuidado dos nossos pais para conosco é sempre um florir amor na nossa vida; amar não é sufocar; limites não são implicância, mas oportunidades de que se agora não posso, é na certeza de que aquilo que fui privado por certo momento floresce amanhã no amor a certeza de uma alegria futura.
A ação humana, o jeito como eu vivo, como dirijo a minha vida, é determinante para que a ação de Deus aconteça em mim ou não. Deus não força, não nos obriga, não faz chantagem, mas ‘propõe’ caminhos para a vida certa sempre respeitando a liberdade que Ele mesmo nos ofereceu. Para que a alegria da colheita seja certa, é necessário arar a terra, plantar, regar, esperar e colher. Assim, em nossa vida, para que a felicidade seja certa e plena é necessário arar a terra fértil do nosso coração com a disponibilidade para o outro, plantar a docilidade da renúncia e aceitação, regar com a docilidade do Espírito aquilo que a vida nos oferece dia a dia e colher os frutos deste cuidado na certeza de que “comeremos do fruto de nossas ações” [Cf. Is 3,10].
A salvação que hoje Deus quer me oferecer passa pelas escolhas que realizo. Mesmo que hoje você esteja triste ou na tribulação, ainda que seja no fundo do poço, “os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria” [Cf. Sl 125, 5].
Matheus Silva
Seminarista