Ir para o conteúdo

domingo, 15 de outubro de 2017

Artigos

Aprender com a cruz!

Um dos maiores, senão o maior dissabor dos nossos tempos consiste em alimentar a fantasiosa e alucinatória ideia de que é possível ser feliz fazendo todas as coisas, ou, então, fazendo coisa alguma. Esta proposta de felicidade que nega tomada de decisão e comprometimento conduz o homem, pessoal e coletivamente, ao caos. Assim, toda e qualquer dificuldade, conflito e desafio é tido como problema. Sem perceber, reagimos, negativamente, as provações.

Quando, num determinado momento do caminho, Jesus revelou aos discípulos que ele seria condenado e entregue a morte, Pedro reagiu: "Deus não permita tal coisa, Senhor. Que isso nunca te aconteça" (Mateus 16,22). Como a verdadeira fé cristã, de forma alguma, serve para impedir provações, Jesus reage: "Vai para longe, satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as coisas dos homens!" (Mateus 16,23-24), completando: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga (…)".

A cruz significa o preço a pagar, o investimento a fazer, o risco seguro a correr, quando, de fato, temos convicção do que acreditamos. Por isso, cruz não é perda, mas sim, ganho. Pensemos na mãe que, ansiosa, espera o nascimento do filho; o trabalho de parto, sem dúvida, exige coragem, esforço, empenho, lágrimas e dor que, contrastam com o mais belo, verdadeiro e profundo sorriso; quando acolhe o filho em seus braços, tudo o mais fica para traz. O sacrifício de amor supera tudo: a vida vence a morte, a alegria vence o medo. A cruz nos ensina, de pronto, pelo menos duas coisas:

1. Que estamos no caminho certo: De fato, quanto tudo parece tão tranqüilo e fácil, desconfie. Sonhos, objetivos e metas não são alcançados da noite para o dia, tampouco como num passe de mágica. Nesse sentido, o sacrifício de amor e suas conseqüências, clarificam escolhas, confirmam passos, reforçam e renovam convicções.

2. Que estamos no caminho errado: De fato, as situações da vida que são extremamente dolorosas e proporcionam muitos dissabores devem ser acolhidos e analisados, também, por este ângulo. Pode ser que elas queiram nos avisar: estas no caminho errado, mude de rumo, reveja seus planos, comece de novo, tente outra vez… De imediato resistimos, mas, a sabedoria e prudência, permitem-nos enxergar que, aquela pedra no meio do caminho, só queria nos fazer um grande favor, talvez, o maior de todos, avisar-nos que, dali a um metro, havia um abismo.

Encanta-nos a sabedoria da mãe-natureza. Uma corrente de água não briga para abrir caminhos, tampouco recua. Pedras, curvas, subidas, descidas e tudo o mais que encontra, pode até ser encobertos, mas nunca esmagados, pois são, antes de tudo, abraçados. As cruzes da vida, pequenas ou grandes, precisam, antes de tudo, ser amadas, abraçadas e assumidas. Os sacrifícios de amor muito nos ensinam, nos salvam, pois nos possibilitam ser melhor, cada dia mais. Jesus não brigou com a cruz, tomou-a, amou-a, carregou-a, vence-a, não na força da raiva ou violência, mas, na força do amor. Aprendamos com a cruz!

 

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em

Psicologia

ivanpsicol@hotmail.com

Compartilhe: