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A beleza da concessão
“Talvez eu tenha estado errado sobre isso”. Que palavras raras!
Há tempo você não ouve um político tal concessão? Ou um pregador ou um empregador? Ou um pai, ou você mesmo? Como a vida seria muito melhor se vivêssemos sempre sob a Verdade, a ponto de fazer tal concessão, quando a situação assim o exigisse.
Mas, não… quando alguém faz uma concessão, quando tem que retificar uma medida tomada, ou opinião manifestada, o faz forçado, ou já premeditando a volta a atitude ou convicção que tinha anteriormente ou, pior ainda, arquitetando como se vingar ou revidar ao esforço que empreendeu, para corrigir um erro seu.
Dita no tempo e lugar certos, esta simples frase poderia ter mudado o curso da historia. Imaginem se Adão, quando teve que defrontar com Deus ao cometer o primeiro grande pecado,ao invés de culpar Eva, tivesse dito: “Talvez eu tenha estado errado sobre isso”. Ou imaginemos, quando os judeus ouviram a verdade de Jesus, ao invés da conspiração para mata-lo, tivessem confessado sua hipocrisia e disessem:”Talvez tenhamos estado errado sobre isso…”
Convicções são importantes para vivermos fielmente a nossa vida cristã, mas é fácil nos apegarmos a certos erros, que servem mais a nossa própria visão e nos cegam para a verdadeira sabedoria que Deus tem dado aos outros.
Outras vezes teimamos em impor nosso próprio desejo ou convicção, que chegamos a fazer os outros sofrerem.
Precisamos nos lembrar de que em toda discórdia, em toda a quebra de relacionamento, há falhas de ambos os lados. Quem é o mais errado no assunto, não conta, o que conta, é a disposição para nos humilharmos e dizer: “Talvez eu tenha estado errado sobre isso”. Se pudéssemos compreender que uma concordância gratuita não nos diminui diante dos outros, ou melhor do que isso, eleva sua opinião a nosso respeito! Não é sinal de fraqueza, é sinal de sabedoria!
“Talvez eu tenha estado errado ao seu respeito”,pode ser um restabelecimento de uma ruptura, uma reconciliação entre irmãos, ex-amigos, conhecidos apenas!…
Quem sabe? Talvez eu, algum de vocês, meus caros leitores, podemos estar prontos a concordar em abandonarmos algum velho preconceito, ainda que disfarçado como uma forte convicção. Já houve tempo em que eu achava que não deveria mudar em nada, a minha maneira de pensar ou entender determinados assuntos, assim como julgava que cada um podia pensar a sua maneira sobre os mesmos assuntos e cada um ter a “sua” verdade.
Em tempo vi que estava errado, tanto sobre eles, como sobre mim. E mais, não tenho a certeza de que tudo o que eu faço, digo ou escrevo, é o absolutamente certo, talvez um dia eu possa dizer ou escrever: “Talvez eu tenha estado errado a respeito disto”, e me corrigir de alguma falha, orientado por você!